É tarde de sexta-feira
minha alma descansa sobre um papel e uma caneta
traço linha de coisas vividas aqui
no passado e no futuro
amigos
lugares
pessoas
encontros e desencontros.
Tento colocar lógica
em cada linha
o ódio é a tinta
o amor é a parte plástica que cobre a tinta
a mão é a ignorância que diz e reclama
por esse tempo passado
por esse sacrifício
de sofre e fazer sofrer.
Tenho ideias a quais percorrem e cobrem todo o ar
tenho obrigação de fazer justo cada palavra cada ideia.
Mesmo sem sentido
quero escrever esta poesia
da vida confusa
na qual vivo
quero escrever o sofrimento
no qual sou submetido
quero sofrer
o sofrimento que já estou sofrendo.
O homem não pensa ao amar
ele se entrega de corpo e alma a um sentimento
estúpido e mesquinho
totalmente enganável

confia até em seus demônios
na sua cruz que pode crucificá-los
nos seus servos
na sua idolatrada pátria
acabada e desgastada.
Somos seres de solidão
de um mundo sem razão
feitos em desespero
de ideias contrárias
de amores que nos enganam
de pessoas blasfêmicas
de versos incansáveis
de um amor apagado.
Somos de um sofrimento real
no qual esta guardado no coração
no qual preciso
no qual que me vê e não crê.
Mas não quero igualar a realidade
de sofrimento e de amores perdidos
não quero ver você me difamar
não quero você mas a tenho 24 horas sem cessar.
Porque você me
declama e difama
esse sofrimento
que me maltrata
que me olha
e me evapora
e que acaba me transformando em
nada.
Reinaldo da Silva dos Santos
Viçosa, MG - 16/05/1997
Série Enigmas da Solidão - Parte III 19