“Há várias maneiras sérias de não dizer nada./ Mas só a poesia é verdadeira.”
Manoel de Barros
O final do texto abaixo que localizei em uma leitura na internet me fez refletir sobre este novo projeto que irá compor o Blog "Projeto Recomeçar", também me faz pensar muito sobre os caminhos daquele poeta, homem de sentimentos, conflitos , feito de carne e osso, que no peito bate um coração e não uma pedra. Este que na eminência dos caminhos da vida, se vê na eterna confrontação de desistir, não dos seus sonhos, mais de algo a mais; da sua própria pessoa, sua essência... E assim refletimos.
Este o poeta que sempre teve medo de lutar pelos seus sonhos, que arrancado das metrópoles ainda criança, conheceu a vida dura, mais digna, da cidade pequena do interior, este poeta que aprendeu a sonhar chorando, que viu todas as alegrias e sonhos de família perfeita desmoronarem, que caiu, que se ergueu, engolindo o choro e a dor da ausências... Mas que jamais perdeu a esperança de se tornar um dia um homem de reconhecimento e respeito...Não pelo dinheiro e poder, mais pela dignidade humana e por alguma forma de ter ajudado a mudar o mundo...
Porém falar da vida deste poeta em simples linhas, seria ocultar aquilo que sempre ocultamos na vida, o olhar e os segredos do coração(terra que ninguém pisa), ai voltamos ao início que ele que sempre teve medo de arriscar. Arrisca, vai, se entrega, cai, se levanta, se confronta, se isola, se reinventa... Perde sua maior razão de viver. Luta novamente... Mas não se acha, e ele poeta dos sonhos objetivos se vê de novo a voltar com aquela incertezas dos sonhos chorados e não concretizados, da falsa ideia de "felicidade", da falsa realização, da boa e confortável zona de conforto, sem sonhos, sem realizações...
Ai percebemos que o mundo é moderno, evoluído demais para sonhadores, aonde o arriscar é dar passos para a utopia de sonhos... E ao fim este poeta a cada dia percebe que a verdadeira "felicidade" no mundo de hoje é a que não respeita as escolhas dos outros, mas aquela que sempre colocará a necessidades do próximo em primeiro lugar, em segundo lugar, em terceiro lugar. Assim concluo estas palavras que poderiam ser também as palavras do poeta:
Algumas pessoas só precisam que você sonhe teus sonhos e acreditem nelas, mesmo que tudo pareça impossível, caso contrário, já morrerão mesmo estando vivas. Existem muitas pessoas que aprenderam a sorrir com os dentes e não com a alma e o coração...
Reinaldo da Silva dos SantosBelo Horizonte, 23/07/2012
"Para quem tem medo, e a nada se atreve, tudo é ousado e perigoso. É o medo que esteriliza nossos abraços e cancela nossos afetos; que proíbe nossos beijos e nos coloca sempre do lado de cá do muro. Esse medo que se enraíza no coração do homem impede-o de ver o mundo que se descortina para além do muro, como se o novo fosse sempre uma cilada, e o desconhecido tivesse sempre uma armadilha a ameaçar nossa ilusão de segurança e certeza. O medo, já dizia Mira Y Lopes, é o grande gigante da alma, é a mais forte e mais atávica das nossas emoções. Somos educados para o medo, para o não-ousar e, no entanto, os grandes saltos que demos, no tempo e no espaço, na ciência e na arte, na vida e no amor, foram transgressões, e somente a coragem lúdica pode trazer o novo, e a paisagem vasta que se descortina além dos muros que erguemos dentro e fora de nós mesmos. E se Cristo não tivesse ousado saber-se o Messias Prometido? E se Galileu Galilei tivesse se acovardado, diante das evidências que hoje aceitamos naturalmente? E se Freud tivesse se acovardado diante das profundezas do inconsciente? E se Picasso não tivesse se atrevido a distorcer as formas e a olhar como quem tivesse mil olhos? ”A mente apavora o que não é mesmo velho”, canta o poeta, expressando o choque do novo, o estranhamento do desconhecido. Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." "
Fernando Teixeira de Andrade
Fernando Teixeira de Andrade

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