quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Lamentações

Lamento por deixar cair o pranto.
Lamento por eu ser fraco.
Lamento por eu ser inseguro.
Lamento pela tristeza.
Lamento pela ignorância.
Lamento pelas drogas.
Lamento pelo povo.
Lamento pelo sofredor.
Lamento pela dor.
Lamento pelos ladrões e corruptos.
Lamento pela parte.
Lamento pelo todo.
Lamento pelo amor.
Lamento por sentir.
Lamento por você.
Lamento por não poder te tocar.
Lamento a vida que me faz sofrer.
Lamento pela paixão a qual me corrói.
Lamento pelo ar que respiro poluído.
Lamento pela terra que piso, seca e infértil.
Lamento por me lamentar.

Lamento...
Só Lamento...
Por ficar triste, por chorar.
Lamentações...
Das quais citei e não citei.
Lamentações que caem após o pranto
Lamentações que vem ao pedido de perdão
Porque não.
Lamento de Lamento.
Por não me amar.

Olho para você
esse teu olhar,
que pode acabar em me delamentar,
mas não tem como cessar
a tristeza do meu olhar,
mais sim aumentar,
assim não finalizar.

Consigo você, mas não a tenho,
tenho a espera de não ter
sinto o coração doer diante de você.

Pense bem nas Lamentações
de poetas mortos e eternos.
Pense em tudo.
Não Lamente,
ame, pois se amar amará
mas desprezará se não gostar
mas quando Lamentar a perda
não se cessará, mas sim acabará...

Porque Lamento a cada segundo,
porque você me faz sofrer, me faz chorar
me faz apaixonar, me destrói, me corrói
me queima...
E me deixa em cinzas...
Do final...
Do qual eu só Lamento o fim.

Reinaldo da Silva dos Santos
Viçosa, MG, 29 de abril de 1997

Série Enigmas da Solidão II parte - Outono                                                                                      17

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O tempo (não) passou

"Não faças do amanhã o sinônimo de nunca, 
nem o ontem te seja o mesmo que nunca mais. 
Teus passos ficaram. Olhes para trás mas vá em 
frente pois há muitos que precisam que chegues 
para poderem seguir-te."

Charles Chaplin


Não é questão de idade

ou marcas dos tempos,
para mim o tempo não passou,
ficou preso na retinas
de minhas imagens do passado
nos sorrisos congelados
das alegrias feitas nos momentos de felicidade...
Aonde estive, onde chorei...

Tive amores.
Tive uma filha...
Meus conhecidos, colegas e amigos...
Tiveram filhos.

Às vezes me pergunto,
o tempo passou para eles?
Ou seria aquela minha imagem
que eu vejo, e me perco,
querendo ser melhor do que eu não fui,
ou querendo viver suas alegrias?

Assim me perco e me pergunto
nos vazios das minhas memórias
dos meus não lugares
do que eu não fui
do que eu não fiz
do que eu não sou
do que eu poderia ser...

E ao fim me encontro:
sem espaço... Sem lugar... Sem ser... Sem tempo.
                             
Reinaldo da Silva dos Santos
21/05/2014